Grici Gheno aborda os avanços da neurociência e suas aplicações emocionais.
GG
Grici Gheno
Terapeuta
Entrevistado
Formada em Educação Física há 10 anos, possui pós-graduação em Neurociência há 2
anos e é especialista em LPF (Low Pressure Fitness) há 2 anos — um método voltado para
a reabilitação da postura, da respiração e do assoalho pélvico.
📱@grici_gheno.lpf
CM
Camilli Munhoz
Estudante de Jornalismo
Entrevistadora
Estudante de Jornalismo, com experiência na área de redação, produção de textos informativos e criação de conteúdo para diferentes mídias. Apaixonada pela comunicação, busca aprimorar constantemente suas habilidades jornalísticas e contribuir para a disseminação de informações de forma clara, ética e responsável.
📰Cursando Jornalismo desde 2021.
✍️2 artigos
🎤9 entrevistas
📱@camillimunhoz
A terapeuta Grici Gheno ressalta os avanços recentes da neurociência e explica de que
forma eles se relacionam com as emoções. Além disso, ela destaca que a neurociência tem
auxiliado na compreensão e no tratamento de transtornos emocionais, assim como no uso
da inteligência artificial e do aprendizado de máquina aplicados à análise de dados
cerebrais e à previsão de comportamentos humanos.
01
CM
Camilli pergunta
Como os avanços recentes na neurociência contribuem para a compreensão dos
processos de aprendizagem e memória no cérebro humano?
GG
Grici responde
Nas últimas décadas, a neurociência revelou que aprender é um processo dinâmico que
envolve muito mais do que simples armazenamento de informações. Avanços em técnicas
de neuroimagem e na compreensão das redes neurais mostraram que a aprendizagem
depende da plasticidade sináptica a capacidade do cérebro de se reorganizar conforme a
experiência. Entendemos hoje que emoção, atenção e contexto corporal influenciam
profundamente a consolidação da memória. Ou seja, o cérebro aprende quando algo faz
sentido e quando o corpo está envolvido no processo.
“Aprender não é apenas gravar informações, é criar novas conexões e todo o corpo
participa dessa construção.”
02
CM
Camilli pergunta
De que forma as novas tecnologias de mapeamento cerebral, como a neuroimagem
funcional, estão transformando o estudo das doenças neurológicas e dos transtornos
mentais?
GG
Grici responde
As tecnologias de mapeamento cerebral, como a ressonância magnética funcional (fMRI) e
a magnetoencefalografia (MEG), revolucionaram a forma de observar o cérebro em tempo
real. Elas permitem identificar áreas ativadas durante pensamentos, emoções ou
comportamentos específicos, o que tem ampliado a compreensão de doenças como
depressão, ansiedade e Parkinson. Mais do que localizar “falhas”, esses métodos mostram
padrões de conectividade entre regiões cerebrais revelando como a mente emerge da
interação entre múltiplas redes. Isso abre espaço para tratamentos mais individualizados e
integrativos, que consideram o funcionamento global do sistema nervoso.
"“Quando olhamos o cérebro em ação, percebemos que saúde mental é, na verdade,
harmonia entre redes que se comunicam.”"
— Grici Gheno
03
CM
Camilli pergunta
Quais são as descobertas mais recentes sobre a neuroplasticidade e como elas podem
influenciar os tratamentos para lesões cerebrais e distúrbios cognitivos?
GG
Grici responde
A neuroplasticidade é hoje reconhecida como um dos pilares da recuperação e da
aprendizagem ao longo da vida. Estudos recentes mostram que o cérebro não apenas se
adapta após uma lesão, mas também pode criar novas vias de comunicação para
compensar áreas danificadas. Isso tem transformado a reabilitação neurológica, trazendo
abordagens que integram movimento, respiração e estímulos sensoriais exatamente porque
o corpo é um agente ativo no processo de reorganização neural. Quanto mais consciente é
a prática, maior a capacidade do cérebro de se reconfigurar de forma funcional e duradoura.
“O corpo é o laboratório onde o cérebro aprende a se reinventar.”
04
CM
Camilli pergunta
Como a neurociência tem abordado a relação entre emoções, tomada de decisão e
comportamento humano?
GG
Grici responde
A neurociência contemporânea tem demonstrado que emoção e razão não são opostas,
mas complementares. Estruturas como a amígdala, o córtex pré-frontal e o sistema límbico
trabalham em conjunto, modulando nossas decisões e comportamentos. As emoções
orientam a atenção, moldam a memória e influenciam diretamente as escolhas. Entender
essa integração ajuda a compreender por que regular as emoções por meio da respiração,
do movimento e da consciência corporal é essencial para decisões mais equilibradas e
coerentes.
“Pensamos com o cérebro, mas decidimos com o corpo inteiro.”
05
CM
Camilli pergunta
Quais são os desafios éticos e sociais decorrentes das descobertas sobre a possibilidade
de manipular e estimular atividades cerebrais por meio de técnicas como a estimulação
magnética transcraniana?
GG
Grici responde
A estimulação magnética transcraniana (EMT) e outras técnicas de neuromodulação
abriram caminhos promissores para tratar depressão, dor crônica e até distúrbios motores.
No entanto, essas ferramentas também levantam questões éticas importantes sobre até que
ponto é aceitável intervir no funcionamento do cérebro humano. O desafio está em
equilibrar o avanço científico com a preservação da autonomia e da individualidade
lembrando que cada cérebro carrega histórias, emoções e experiências únicas. A ética na
neurociência precisa acompanhar o ritmo da tecnologia, garantindo que o uso dessas
técnicas sirva à saúde e não ao controle.
"Intervir no cérebro exige mais do que precisão científica exige respeito pela singularidade
de quem habita esse cérebro.”
06
CM
Camilli pergunta
De que maneira os estudos neurocientíficos podem contribuir para o desenvolvimento de
métodos mais eficazes de ensino e aprendizagem?
GG
Grici responde
As descobertas em neurociência têm mostrado que o aprendizado é um processo ativo e
emocional. Ambientes que despertam curiosidade, segurança e prazer liberam
neurotransmissores como dopamina e acetilcolina, que favorecem a consolidação da
memória. Além disso, práticas que envolvem o corpo como respiração, movimento e pausas
conscientes ajudam a regular o sistema nervoso, ampliando a atenção e o foco. O futuro da
educação passa por integrar ciência e sensibilidade: ensinar respeitando o ritmo biológico e
emocional do cérebro humano.
“Aprendemos melhor quando o corpo está em equilíbrio e o cérebro se sente seguro para
criar.”
07
CM
Camilli pergunta
Quais são as principais limitações das pesquisas atuais em neurociência e quais
caminhos futuros os cientistas apontam para superá-las?
GG
Grici responde
Apesar do avanço impressionante das últimas décadas, a neurociência ainda enfrenta
desafios para compreender a complexidade do cérebro humano em toda a sua dimensão.
Grande parte das pesquisas é feita em contextos laboratoriais, o que nem sempre reflete o
funcionamento real do cérebro em situações de vida cotidiana, emoção e movimento. Outra
limitação está em isolar processos mentais sem considerar a interação com o corpo e o
ambiente. O futuro da neurociência caminha para abordagens mais integrativas,
interdisciplinares e personalizadas — conectando biologia, comportamento, contexto e
experiência subjetiva.
08
CM
Camilli pergunta
De que forma os avanços na neurociência têm auxiliado na compreensão e no tratamento
de transtornos emocionais, como a ansiedade e a depressão?
GG
Grici responde
Os avanços recentes mostram que ansiedade e depressão não são apenas “falhas
químicas”, mas disfunções complexas que envolvem redes cerebrais, eixo intestino-cérebro,
sono, respiração e ambiente emocional. As neurociências têm contribuído para tratamentos
mais integrados, que combinam regulação neural, atividade física, respiração consciente e
terapia. Ao compreender como o sistema nervoso responde ao estresse, é possível
promover intervenções que restauram a homeostase e favorecem o bem-estar. O equilíbrio
emocional nasce da coerência entre mente, corpo e ambiente.
"“Cuidar do cérebro é cuidar do ritmo interno que sustenta nossas emoções.”"
— Grici Gheno
09
CM
Camilli pergunta
Como a inteligência artificial e o aprendizado de máquina estão sendo aplicados na
análise de dados cerebrais e na previsão de comportamentos humanos?
GG
Grici responde
A inteligência artificial (IA) e o aprendizado de máquina têm permitido analisar volumes
imensos de dados cerebrais, identificando padrões antes invisíveis ao olhar humano. Esses
sistemas ajudam a compreender como o cérebro processa emoções, linguagem e atenção,
além de prever riscos para transtornos neurológicos. Embora ainda em expansão, essa
integração entre neurociência e tecnologia traz grandes possibilidades diagnósticas e
terapêuticas — desde a detecção precoce de doenças até o desenvolvimento de estratégias
personalizadas de reabilitação. O desafio está em garantir que a tecnologia amplifique o
cuidado humano, e não o substitua.
“A inteligência artificial pode decifrar padrões do cérebro, mas só a consciência humana dá
sentido a eles.”
10
CM
Camilli pergunta
Como as descobertas da neurociência contribuem para a compreensão da consciência
e da formação da identidade humana?
GG
Grici responde
A consciência é um dos temas mais fascinantes e complexos da neurociência atual.
Pesquisas indicam que ela emerge da integração entre diversas redes cerebrais que
processam percepção, memória, emoção e corpo. Nossa identidade, portanto, não está
apenas nos pensamentos, mas também nas sensações e nas experiências que moldam
essas conexões. A neurociência tem mostrado que o “eu” é dinâmico constantemente
atualizado pela interação com o ambiente e com o próprio corpo. Compreender isso amplia
a noção de saúde: cuidar da mente passa por cultivar presença, ritmo e coerência interna.
“Somos o reflexo vivo das conexões que o cérebro cria entre o que sentimos, pensamos e
respiramos.”