Psicologia do trabalho remoto e burnout

O trabalho remoto pode trazer vários benefícios, como: mais autonomia, aumento da produtividade e criatividade, redução do tempo gasto no trânsito e mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Principalmente para quem tem filhos, o trabalho remoto pode ser bastante positivo, pois permite mais flexibilidade e tempo com a família. Um estudo publicado pela Psychological Science in the Public Interest, em 2015, apontou que profissionais que trabalham remotamente se sentem mais satisfeitos com o trabalho, tem um melhor desempenho e apresentam níveis menores de estresse e exaustão. Mas, por outro lado, o trabalho remoto também apresenta desvantagens e desafios. O mesmo estudo também aponta que trabalhadores remotos sofrem mais com o isolamento e sentimentos de solidão, compartilham menos informações com os colegas de equipe e tem mais dificuldade de estabelecer limites entre a vida pessoal e profissional. Quando nossa casa também vira nosso local de trabalho, fica mais difícil se desligar do trabalho e descansar. Os limites entre vida pessoal e profissional ficam cada vez mais frágeis e, quando nos damos conta, estamos respondendo mensagens do chefe fora de hora e trabalhando até o amanhecer. Então, para a Psicologia, o trabalho remoto pode trazer inúmeros benefícios, diminuir o estresse e aumentar o desempenho do trabalhador, mas também pode gerar sentimentos de solidão e dificuldade de separar a vida pessoal da profissional. Por isso, é importante buscar equilíbrio, se organizar e estabelecer limites de maneira clara.

Burnout é um quadro de estresse crônico causado pelo trabalho, caracterizado por: exaustão física e emocional, distanciamento e desmotivação em relação ao trabalho. Burnout não é só cansaço, é um esgotamento profundo físico e emocional. É quando a pessoa já deu tanto de si para o trabalho que parece que não sobrou energia para mais nada, sabe? E isso impacta tanto na vida pessoal quanto profissional. No lado profissional, os efeitos aparecem rápido: a produtividade cai, a pessoa vai se distanciando da equipe, se sente cada vez mais desmotivada em relação ao trabalho, não vê sentido, nem futuro no que está fazendo. Esses efeitos acabam também refletindo na vida pessoal. A pessoa chega em casa tão exausta que não consegue fazer mais nada, nem descansar, nem ter momentos de lazer ou do lado de quem ama. Começa a se irritar fácil, perde o interesse pelas coisas que antes davam prazer, deixa de sair para se divertir e começa a se isolar. É como se o corpo estivesse ali, mas a mente não desligasse nunca. Mesmo após descansar, a pessoa se sente exausta e sem energia para fazer qualquer coisa. Isso gera um impacto bastante negativo na sua vida pessoal.

O Burnout possui três dimensões: exaustão física e emocional, distanciamento e desmotivação em relação ao trabalho. A exaustão é aquela sensação de estar sempre cansado, mesmo após dormir. É como se a bateria do nosso corpo estivesse viciada e a energia ficasse sempre baixa. Também surgem sintomas físicos como dores de cabeça e no estômago sem explicação, tensão muscular, dificuldade de relaxar, insônia. A mente não desliga, o corpo não consegue descansar, o trabalho vira uma preocupação constante e, muitas vezes, só de pensar em trabalhar a pessoa tem crises de choro ou sente dores no corpo. O distanciamento ou cinismo é ser tornar distante e indiferente com o trabalho e a equipe. Sabe aquela sensação de trabalhar no modo automático? Apenas fazer suas obrigações, sem se importar com o que está sendo feito ou com as pessoas envolvidas. Estar presente fisicamente no trabalho, mas emocionalmente estar ou desejar estar em outro lugar. A desmotivação é quando não vemos sentido no que fazemos, nem futuro no nosso trabalho ou profissão. Você não sente mais satisfação com o seu trabalho e não acha que vale a pena se esforçar, pois não acredita que é possível crescer profissionalmente naquele ambiente. Se você se identifica com esses sintomas, é possível que esteja com Síndrome de Burnout.

Influência sim. Trabalhar de casa diminui o contato social, e isso pode gerar solidão, sensação de desconexão e até sintomas de ansiedade e depressão. Um estudo publicado na Frontiers in Psychology em 2023, mostrou que profissionais que trabalhavam totalmente de forma remota relataram mais solidão do que aqueles em modelo presencial. Na prática, quando a gente perde o convívio com colegas, o café no meio da tarde, as conversas rápidas, o contato com a equipe, o trabalho pode ficar mais solitário e pesado. Por isso, é essencial criar redes de apoio, manter contato virtual com colegas e ter momentos de convívio social fora do trabalho. É importante também que a empresa crie um ambiente harmônico e propício para que a equipe possa interagir entre si.

O primeiro passo é entender que a prevenção do Burnout não é só uma responsabilidade individual, mas também das empresas. A gente fala muito em autocuidado, e ele é essencial. Mas, se o ambiente de trabalho continua tóxico ou com metas abusivas, não adianta, né?. Um estudo publicado na Frontiers in Public Health em 2023 destaca que as ações organizacionais, como gestão saudável de demandas, pausas, apoio da gestão, mudanças no ambiente de trabalho, mais autonomia dos trabalhadores e apoio psicológico, são essenciais para prevenir o Burnout e têm tanto peso quanto as estratégias pessoais. É importante lembrar que, aqui no Brasil, a NR-1 do Ministério do Trabalho estabelece que as empresas devem promover um ambiente seguro e saudável, identificando e prevenindo riscos psicossociais que podem gerar problemas psicológicos nos trabalhadores. Do lado do trabalhador, é importante entender que prevenir Burnout não é só tirar uma folga ou entrar de férias. É preciso cuidar do corpo, da mente e estabelecer limites claros em relação a vida profissional e pessoal. Respeitar as pausas durante o expediente, não responder mensagem de trabalho ou realizar demandas fora do horário. Além de praticar atividade física, ter uma boa alimentação, dormir bem, ter uma rede de amigos e apoio dentro e fora do trabalho. Usar técnicas de relaxamento e de mindfulness também ajuda bastante. Ou seja, é importante buscar equilíbrio, se permitir descansar e ter uma vida saudável dentro e fora do trabalho.