O uso adequado de redes sociais pode impactar de maneira benéfica o indivíduo com o acesso à informação e a conexão com comunidades nas redes sociais. Por outro lado, o uso excessivo das redes sociais está associado ao aumento do sofrimento psicológico, da ansiedade e da depressão em diferentes faixas etárias. Além disso, pode prejudicar a memória, a atenção e a capacidade de resolução de problemas. Conferir as redes sociais constantemente pode intensificar a ansiedade e está relacionado a um fenômeno chamado fear of missing out (FOMO), que em português significa “medo de perder algo” ou “de ficar de fora”. Esse medo faz com que o indivíduo cheque o celular repetidas vezes na tentativa de reduzir o nervosismo e a sensação de desconexão social. Entretanto, o uso constante das telas pode justamente impactar negativamente a presença na vida real, aumentando a desconexão no momento presente, e nas relações sociais do indivíduo, tanto no contexto de trabalho quanto em relações familiares ou de amigos.
Outro malefício é que, nas redes, as pessoas tendem a se comparar com padrões idealizados e filtrados de vida, o que pode gerar sentimentos de inadequação, baixa autoestima e isolamento social. A constante busca por aprovação e curtidas também reforça um ciclo de dependência emocional, levando o indivíduo a passar mais tempo online, muitas vezes, em detrimento de atividades significativas do dia a dia. Um estudo publicado na revista Cyberpsychology: Journal of Psychosocial Research on Cyberspace (2022) apontou que o uso de sites de redes sociais (SNSs) está correlacionado com maior probabilidade de sofrimento psicológico, incluindo depressão, ideação suicida e transtorno de déficit de atenção. O uso das redes sociais pode ter efeitos diversos sobre a saúde mental, segundo a revisão sistemática e meta-análise de Du, M. et al.., está associado ao adoecimento psicológico, especialmente a sintomas de ansiedade.
Por outro lado, de acordo com Seabrook, Kern e Rickard (2016), os impactos sobre depressão e ansiedade dependem de como as redes são utilizadas, podendo tanto oferecer apoio social e oportunidades de conexão quanto contribuir para sintomas ansiosos ou depressivos. Portanto, é importante refletir a função do uso das redes de como e para que são usadas. Uma leitura possível, sob a perspectiva da Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), é a de que o uso problemático das redes pode funcionar como uma forma de evitar vivências internas, buscar validação por meio de curtidas ou fugir de desconfortos, em vez de promover uma conexão com valores pessoais significativos. Assim, torna-se recomendável a avaliação e redução consciente do tempo de tela, e se necessário o início da psicoterapia, como meios para desenvolver maior consciência desses processos e ampliar a flexibilidade psicológica.
Referência: Du, M., Zhao, C., Hu, H., Ding, N., He, J., Tian, W., Zhao, W., Lin, X., Liu, G., Chen, W., Wang, S., Wang, P., Xu, D., Shen, X., & Zhang, G. (2024). Association between problematic social networking use and anxiety symptoms: a systematic review and meta-analysis. BMC Psychology, 12, 263. https://doi.org/10.1186/s40359-024-01705-w SEABROOK, Elizabeth M.; KERN, Margaret L.; RICKARD, Nikki S. Social Networking Sites, Depression, and Anxiety: A Systematic Review. JMIR Mental Health, v. 3, n. 4, p. e50, 23 nov. 2016. DOI: 10.2196/mental.5842.